Mesmo com o clima de instabilidade que atualmente rege o setor de eventos no país em meio à pandemia e sem certezas de que festas tradicionais, como o Réveillon, irão se manter, algumas produtoras seguem seu planejamento. Tanto que as vendas para o já conhecido Réveillon do Gostoso, em São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte, foram anunciadas pela Agência Lorde.
Na página oficial do Instagram, o dia 11 de agosto foi noticiado como a data prevista para a início das vendas, nesse que deve ser o começo de ano mais esperado de todos os tempos. Acrescentaram ainda que continuam atentos à situação de saúde de todos e monitorando o andamento da pandemia. O evento já tem até atração confirmada: Dennis DJ.

O evento ocorro no Rio Grande do Norte

O anúncio das vendas
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Os valores serão devolvidos caso não seja possível realizar a festa
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Dennis DJ já foi confirmado
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A expetativa é de um público 40% menor
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São Miguel do Gostoso (RN) é a combinação de ventos fortes e praias bonitas, quase desertas e de água morna
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A cidade fica a 102 km de Natal
Bruno Barbato/ Creative Commons Attribution 3.0
O grupo garantiu ainda que, caso a festa não possa ser realizada, todo valor pago será ressarcido. A coluna conversou com Felipe Ramalho, sócio da Agencia Lorde e responsável por eventos como a tradicional Festa Esbornia e o Réveillon do Gostoso. Ele que contou mais detalhes sobre o planejamento, os impactos e expectativas. Confira!
BBC NEWS – O que levou vocês a manterem, pelo menos nesse primeiro momento, o planejamento do Réveillon do Gostoso 2021?
O que mudou ou irá mudar dentro desse novo cenário?
Sem dúvida as regras de ouro deverão ser adotadas por todo e qualquer evento, bem como regras extras específicas para o setor. Nós do Réveillon de Gostoso seremos extremamente exigentes e zelosos nesse aspecto, fazendo além do que será obrigatório. Contudo, a mudança mais importante deverá ser a do próprio consumidor que precisa estar mais consciente e responsável a partir de agora, se cuidando e prevenindo os outros. Nesse aspecto, o Réveillon de Gostoso já está fazendo uma ampla campanha de conscientização e projetando estações de álcool gel e máscaras extras pra quem desejar.
O evento terá sua capacidade reduzida? Quais serão os novos protocolos?
Nosso réveillon é 100% ao ar livre e com significativa área útil aberta e mesmo assim iremos respeitar o que o município e as autoridades locais determinarem no período. Contudo, desde já, consideramos ter cerca de 40% a menos de público quando comparado aos anos anteriores.
Quais são as expectativas?
Primeiramente, que consigamos continuar reduzindo o contágio da doença, com a diminuição da ocupação de leitos e com atenção especial à população mais vulnerável. Além disso, que a população adquira consciência dos esforços que terá que fazer para tentar viver o mais próximo do que conhecíamos como normalidade, inclusive para que todos possam ir a réveillons como o de São Miguel do Gostoso. E, por último, mas não menos importante, que consigamos ter uma retomada do mercado de forma consciente, gradual e respeitosa, pois assim conseguiremos evoluir e nos adaptarmos a essa nova realidade. Será a soma de todos esses fatores que determinará a realização dos réveillons, principalmente o do Réveillon de Gostoso.
Caso o evento não possa acontecer, vocês têm um “plano B”? Quais serão os impactos?
Nesse momento, em julho, não temos um plano B para o réveillon. Existem ideias para se comemorar em outra data, mas não acredito que a necessidade ou viabilidade disso seja um debate para este momento.
O evento tem impacto direto na economia local você acredita que, na ausência deste, as famílias que lá residem sejam impactadas?
As famílias dependem do turismo e do entretenimento! Para se ter um noção macro, o setor de turismo e entretenimento teve um impacto econômico de quase R$ 1trilhão de reais no Brasil em 2019. No estado do RJ, corresponde a cerca de 5% do PIB fluminense, o segundo maior do estado, ficando atrás apenas do Oleo&Gás. São Miguel do Gostoso é uma cidade no interior do Rio Grande do Norte e 100% turística, que vive de comemorações ao longo do ano e datas especiais. Somos muito parceiros da cidade, ajudando na recuperação de maquinários do hospital local, doando a ambulância da cidade, entregando a festa de fim de ano dos moradores da cidade, entre diversas outras intervenções de cunho social e econômico. A não realização do réveillon por lá infelizmente sacramentará um ano já extremamente difícil para os moradores e pequenos empresários locais.
A pandemia tem sido um grande desafio para todos, qual ou quais são os grandes desafios de se pensar e fazer entretenimento dentro dessa nova atmosfera?
Junto da APRESENTA RIO, associação de produtores do Rio, estamos unidos em busca de todos os estudos mundiais que demonstrem os melhores formatos do “novo entretenimento”. O que precisamos entender é que é errado o entendimento de alguns que estamos falando apenas de “festinhas”. Na verdade, trata-se de uma cadeia produtiva que sustenta milhões de famílias pelo Brasil. É claro que não somos irresponsáveis de querermos o retorno imediato, porque sabemos que esse não é o momento. Mas é fundamental entendermos a necessidade de planejar a retomada desse setor, criando fases gradativas para ela. Por isso, a integração entre a iniciativa privada e o setor público, nos moldes do que a APRESENTA, o Estado e o Município do Rio estão fazendo, é imperiosa para um retorno consciente e necessário.